quinta-feira, 1 de abril de 2010

'Não serão plantados lódãos no interior do jardim.'

Um lódão

Outro

Um terceiro lódão

Um quarto lódão

e um quinto lódão

O Vereador José Sá Fernandes terá afirmado, quando questionado sobre este assunto pela jornalista Ana Clotilde Correia da Lusa, que não serão plantados lodãos no interior do jardim. No entanto, e como infelizmente vem sido habitual nesta obra, aquilo que é dito e aquilo que é feito são coisas completamente distintas.

Como os Amigos do Príncipe Real temiam, e para tal alertaram, levando a jornalista da Agência Lusa a questionar o Vereador sobre o assunto, as robínias que o projecto da CML previa plantar ilegalmente e que se viu forçada a substituir - não sem antes criticar a lei em vez de pedir desculpa pela sua incompetência - foram substituídas por mais lódãos Celtis australis, ver fotos anexas. É mais uma pedra neste projecto de des(re)qualificação do Jardim França Borges.

Se os lódãos usados no alinhamento já não são as árvores que melhor podiam contribuir para a identidade romântica deste jardim, o seu uso no coração do mesmo, em redor do lago, é a afirmação do facilitismo, o assumir frontalmente a vontade de o descaracterizar e banalizar.

Note-se que a alteração ao projecto não foi submetida à aprovação de nenhuma das entidades responsáveis pelo o que ali se passa: AFN e Igespar. E terá sido esta alteração ao projecto sequer adicionada pela CML ao seu projecto ou entrámos em gestão directa, sabe-se lá por quem, re-afirmando o completo desprezo pelas formalidades legais evidenciado nesta obra?

Mas seja quem for o responsável pelo que ali se passa, o Vereador Sá Fernandes é que parece não ser porque ou não sabe o que são lódãos ou não tem qualquer controlo sobre os acontecimento, denotando ter sido, há muito, ultrapassado pelos serviços da CML e pelo empreiteiro da obra. Um Rei Consorte a quem todos acenam mas a quem ninguém presta qualquer atenção.

É fácil querer deixar marca nos jardins de Lisboa. Não há dúvidas que, como elefante numa loja de cristal, a marca do Vereador Sá Fernandes é bem visível por muitos dos jardins da Capital. À boleia de combater o desmazelo de anos, estas intervenções nos jardins gozaram, inicialmente, da boa vontade de muitos. Mas conforme Lisboa se vai tornando uma capital mais careca, os seus jardins miradouros e pontos de vista, sem recantos nem privacidade, apercebemo-nos que a tentação da obra 'feita' superou a humildade necessária para respeitar a natureza dos espaços, sem imposições de modas de arquitectura paisagista minimalistas que escondem um desconhecimento vasto das plantas e denotam uma incapacidade de trabalhar o material vegetal com mestria. Os jardins transformam-se em terreiros, os canteiros em calçadas.

Um verdadeiro restaurador sai meritoriamente invisível do seu restauro. E, infelizmente, no caso do Jardim França Borges, a única coisa que parece estar a tornar-se invisível é o próprio jardim.

4 comentários:

  1. Um elefante numa loja de cristal pode até ser cuidadoso com as patas para poupar as antiguidades, a loiça classificada, à sua selvajaria. Mas a pergunta mantém-se: que faz ali o elefante?

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  2. Terá porventura passado despercebida a afirmação do senhor vereador de que um técnico da AFN tem acompanhado as obras pelo menos uma vez por semana, quando não diariamente? E que o Jardim ESTAVA PODRE?
    Não há ninguém que faça um lacinho na tromba do elefante?

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  3. Lisboa, o melhor destino europeu de 2010!!! Será que já sabem que o jardim do Príncipe Real foi vítima desta intervenção paisagística?16 de abril de 2010 às 18:12

    Vergonha das vergonhas o que está a contecer ao jardim do Príncipe real!
    Cresci naquele jardim de onde tenho tantas memórias, sentava-me nele e olhava-o sempre apaixonado por ele, respeitava-o como a um ente querido e quando lá passo hoje, até me dói a alma.
    Cambada de imbecis que proliferam nestes lugares decisórios, transbordantes de parolismo pós-moderno, de cérebro atrozmente configurado do minimalismo bacoco urbanoprovinciano e adeptos ferrenhos de plantas raquíticas que não dão trabalho nenhum na manutenção, poupando-se para esbanjar noutras coisas, em lugar das plantas e flores que nos seduzem, e que de afogados em incompetência, nem sabem respeitar um lugar carregado de alma que era aquele jardim romântico, um dos poucos exemplos de jardins com aquelas características que ainda subsistem em Lisboa e onde os nossos filhos podiam apreciar nobres árvores e brincarem no verde das suas relvas, embora já não pudessem olhar a elegância dos cisnes e carpas encarnadas do lago de quando eu era criança.
    Porque não vão brincar aos jardins, por exemplo nos terrenos onde são construídos aberrações arquitectónicas como aquele prédio novo de esquina com a av. da República no largo do Saldanha, ataveirado, arcado e pindérico mais de acordo com as urbanizações da Quarteira ou Massamá.
    Um dos responsáveis é o tal do túnel rendido agora ao conforto do poder! E o presidente nem se dá por ele ou anda ocupado a tapar os milhares de buracos no chão da cidade que continuam por aí? Ou pelos vistos nem para tapar buracos serve!
    Portugal qual o teu destino, para onde caminhas!! Estás a ficar imensamente enfadonho, se não te sacodes para enxutar estas moscas.
    Portugueses, sejam mais exigentes, caraças!

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