sexta-feira, 28 de maio de 2010

Bebedouro e outros restauros.


Como o responsável pela vereação fala agora em restauro do Jardim aqui ficam dois exemplos e um pormenor anedótico de equipamentos exemplarmente restaurados.

1º exemplo. O bebedouro.

Bebedouro antes da intervenção. © José Chamusco; foto tirada meses antes da intervenção.
Bebedouro antes da intervenção. © José Chamusco.
Este bebedouro devia ter duas conchas. Só tem a superior.

Bebedouro após a intervenção.



Onde está o restauro?

2º exemplo. Casa do jardineiro/guarda.

Casa do Jardineiro, agora. Onde está o restauro?
Casa do Jardineiro, agora. Onde está o restauro?

Pormenor anedótico. 'Novo' por fora velho por dentro.





quinta-feira, 27 de maio de 2010

As laranjeiras mortas.

Das sete transplantadas só uma ainda resiste.
Esta já está completamente morta.
As outras 5 também já estão mortas.

A 5 de Maio o Rui Pedro deu aqui nota que as laranjeiras transplantadas de Alvalade para a Calçada da Patriacal estavam em perigo de vida, se nada fosse feito. Nada foi feito e hoje das 7 laranjeiras só uma é que ainda resiste. As outras 6 já estão mortas.
Uma nota triste no dia em que se iniciam 4 dias de comercial festa no Príncipe Real.


In DN (27/5/2010)

Afinal a mão de obra é barata.

Caldeira a reparar.

As duas áreas verdes a poente do jardim foram calcetadas no início da intervenção no jardim. Esse calcetamento, feito à pressa, foi mal feito. Desde então já foi reparado três vezes, a última das quais dias antes da inauguração.
Lembrou-se agora a CML de reparar as caldeiras das árvores desse alinhamento poente. E, já agora, como a ISS Plantiagro ainda tinha algumas das suas belas máquinas estacionadas no local, entrega-se a essa empresa mais esse trabalhinho.

Uma das máquinas que ficou no Príncipe Real já depois da inauguração.

E como os carros estacionados não deixam que esta bela máquina chegue até às caldeiras, vai-se por cima do calcetamento, com os resultados que estão à vista:

Só exitem marcas do rodado que andou em cima do calcetameto recente. O calcetamento antigo, o do passeio, esse aguentou bem o peso da máquina.

mas não há problema. A mão de obra é, pelos vistos, barata.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ainda sobre a "inauguração"


Referida em notícias como a comentada 2 posts antes (imagem acima), tenho por mim que:

É claro que a iluminação que lá estava era horrorosa. Mas perdeu-se, a meu ver, a oportunidade para colocar em vez destes candeeiros a imitar antigos, antigos de verdade, do séc. XIX, provenientes do abate que a CML tem promovido no Bairro da Calçada dos Mestres.

É claro que o pavimento estava esburacado e era feio, e tudo o resto estava partido. Mas a CML errou ao insistir na poeirada "à la" terreiro de São Pedro de Alcântara. Ontem foi a prova dos nove: era pó por todo o lado. Aliás, se a CML tivesse intervindo somente a nível do aprumo do jardim, substituindo os pavimentos, recuperando as caldeiras e as grelhas, colocando candeeiros de época e recuperando o tal de "mobiliário urbano", revigorando os canteiros com flores, recuperando o pavihão do jardineiro, substituindo apenas as árvores doentes (que nem chegavam à dezena), não teria havido um protesto que fosse.

É claro que o desenho do jardim foi respeitado. Seria escandaloso se assim não fosse.

É claro que o jardim perdeu sombra e ganhou luz. Mas alguém sabe de facto o que irá acontecer às fabulosas árvores do miolo da placa central uma vez perdida a sombra que as envolvia, desde a bordadura da placa? E, por favor, senhores da CML, plantem árvores junto ao quiosque da esquina com a Rua do Século: aquilo está um DESERTO!!!

Mas a CML, em vez disso, decidiu dar guerra a meia centena de choupos, sãos e doentes, refugiando-se em motivos fitossanitários, quando apenas os tinha para uma dezena delas, quando o verdadeiro motivo era porque decidiu que o choupo não era para ali. Com ou sem razão, fez mal. E voltou a fazer mal não intervindo de forma faseada, como aconselham os princípios por que se regem os jardins históricos. Pior, foi dizer que tinha pareceres do IGESPAR, do LPV e da AFN antes da intervenção, quando não os tinha. E isso foi mau, sob todos os pontos de vista. Este caso do Príncipe Real vem na senda de outros, como do ainda mais gravoso do Campo Pequeno e é pena que assim seja. E, por favor, não tratem as pessoas como burras ou manietáveis, muito menos pela CML; nos dias que correm isso é altamente contraproducente.

domingo, 23 de maio de 2010

Bety Boop.


A Bety Boop que residia há longos anos no jardim, junto ao lago, foi escondida com o rabo de fora. Fotos tiradas em 2010.05.22


Na noite de Sexta para Sábado, dia da inauguração, alguém se lembrou de mandar tapar a Bety Boop. Mas a emenda é pior do que o soneto.
Assim vai andando a requalificação, ou será antes o restauro do jardim?

sábado, 22 de maio de 2010

Notícia no 'Público'






No jornal 0 'Público' de hoje foi publicado na secção Local um artigo da autoria da jornalista Inês Boaventura, ver reprodução acima ou aqui, que relata a visita que o vereador José Sá Fernandes promoveu para a comunicação social no dia anterior à reabertura do Jardim.
A notícia, que tenta ser o mais objectiva possível na mediatização da mensagem que o vereador pretende passar, enferma contudo de imprecisões que importa corrigir.
Começa a jornalista por referir 'Depois de mais de cinco meses de obra ...' na realidade mesmo que consideremos que a obra terminou hoje, coisa que está longe de se verificar, passaram-se exactamente não 5 mas sim 6 meses e 13 dias desde o início da obra. Ou seja, uma obra que foi adjudicada com base no critério preço, 80%, e prazo de execução, 20%, à empresa que menor custo, cerca de 380 mil euros, e menor tempo, 4 meses, apresentou, acabou por ser executada com um deslize temporal superior a 60%. Será aplicada à empresa alguma penalização por este tão significativo deslize?
Refere a jornalista, em seguida, reportando com certeza fielmente a mensagem dos responsáveis, que 'aqui não houve lugar à "recriação" mas tão-somente à "recuperação"...'. Ora qualquer observador mais atento verificará que recuperação, se a houve, ficou muito aquém do desejável. Um dos elementos mais emblemáticos da traça original do jardim, do séc. XIX, é a casa do jardineiro que está agora completamente abafada pela esplanada que aí foi edificada nos anos 80 do século passado. Ora esse elemento fundamental para a recuperação do traçado original do jardim não foi sequer tido em conta nesta intervenção.

Casa do Jardineiro/guarda do jardim.

Um outro equipamento que deveria ter sido recuperado, já que afinal se diz que de uma recuperação se trata, era o antigo banco de tabuinhas que tinha armação em ferro forjado com motivos fitomórficos. Ora os actuais bancos, ver foto, são os mesmos que existiam antes desta intervenção e que foram colocados no final do século passado, em lugar dos originais cujo paradeiro actual se desconhece.

Banco existente antes da intervenção; os actuais são os mesmos. O banco original tinha armação em ferro forjado.

'só não verá as melhorias quem tiver "memória curta".' terá dito o vereador. A memória fotográfica não é curta e é objectiva, e o que ela nos transmite é que o balanço entre as 'melhorias' e as 'piorias' é pouco abonatório para as primeiras. A não ser que se considere o calcetamento das duas áreas verdes a poente do jardim uma melhoria, ou o abate das 6 robínias que existiam em torno do lago e cuja preservação seria tão importante ter acautelado, ver aqui artigo de Susana Neves sobre essa espécie, outra melhoria, para nos ficarmos só por estes dois exemplos. A verdade é que só quem não tiver memória de todo é que considera ter sido o jardim na sua essência vegetal melhorado.

Uma das duas áreas verdes calcetada.


Abate de uma das 6 robínias que existiam à volta do lago.

"O chão estava todo esburacado" e era de um 'betuminoso preto'. Nem estava todo esburacado nem era preto. Uma ou duas fotos bastam para desmentir essa memória curta e excessiva.

O chão não era preto nem estava todo esburacado. © José Chamusco; foto tirada meses antes da intervenção.

O chão não era preto nem estava todo esburacado. © António Branco Almeida; foto tirada meses antes da intervenção.

O pavimento actual, que pretende ser um ersatz do pavimento original, tem as suas vantagens e as suas desvantagens. Entre estas últimas sobressai a tonalidade de um branco demasiado aberto, a desagregação da camada superior proporcionando a formação de poeiras em dias ventosos e a incrustação de vidros de difícil remoção. O que se passa no terreiro de S. Pedro de Alcântara, dotado de pavimento semelhante, é em relação a esta última desvantagem muito elucidativo.

Prossegue o vereador na enumeração das supostas melhorias apontando a nova iluminação como uma delas em lugar da 'horrorosa' iluminação anterior. Não pondo em causa a deficiente iluminação anterior não podemos deixar de chamar a atenção para o facto de aqui se ter perdido mais uma oportunidade para um verdadeiro restauro. Os actuais candeeiros são uma imitação grosseira dos originais, além de serem demasiado altos. Segundo julgamos saber, a CML até dispõe de candeeiros antigos e semelhantes aos originais que existiam no jardim, pelo que além de efectuar um verdadeiro restauro teria poupado muito dinheiro.
A substituição da iluminação, da maneira como foi feita, foi um dos trabalhos que mais danos provocou na vegetação arbórea ao abrirem-se roços profundos rente às árvores.

Para a instalação eléctrica abriram-se roços profundos rente às árvores.

"Não se desvirtuou nada", assegura Sá Fernandes, segundo quem esta deverá ser, aliás, considerada uma obra "exemplar" em termos de preservação patrimonial.' Gaba-te cesto. Esta não é exactamente a opinião de muitos ilustres arquitectos paisagistas e outros especialistas do património, nem será a de quem, não sendo especialista, teve o cuidado de acompanhar a obra e confrontar os processos usados com os preconizados na Carta de Florença.
O restante da notícia refere o restauro do parque infantil e a questão das árvores abatidas e das árvores repostas. Sobre o parque infantil chamamos só a atenção para o 'post' que pode ser consultado aqui.
Sobre as árvores abatidas e as que foram plantadas para as substituir. O vereador José Sá Fernandes já desistiu de defender a tese que foi avançada pelos seus serviços para justificar o abate sistemático das árvores de alinhamento e o das 9+1 árvores do interior do jardim, tese segundo a qual as árvores estavam todas doentes, podres, ou tinham crescido mal.
A absurdidade e perniciosidade de tais abates já foi por nós aqui neste blogue e em outros fora e meios de comunicação sobejamente tratada e demonstrada.
Quanto às novas árvores. De referir só duas coisas. Os lódãos estiveram meses a fio com as raízes não resguardadas, ao relento, antes de finalmente serem plantados. Em muitos deles já se verificam os efeitos desse desleixo inqualificável. A tília que foi plantada junta à estátua a Antero de Quental, está morta. As quatro liquidambares plantadas dias antes da reabertura apresentam já sinais de que dificilmente vingarão.
No interior do jardim foram abatidas 10 árvores e repostas 4, das quais nem todas vingarão. O vereador José Sá Fernandes em diversas ocasiões referiu que as árvores abatidas iriam ser todas elas repostas e seriam até plantadas mais árvores do que as existentes à data da intervenção.
Ficamos então à espera de ver quando, como e que espécies serão plantadas no interior do jardim para colmatar o actual deficit.

Tília plantada há cerca de um mês. Está morta.

Liquidambar plantado dias antes da reabertura. Está meio morto.



Reabertura/Inauguração.

Pormenores do piso sintético do parque infantil.
Actual aspecto de vegetação antes luxuriante.
Bety Boop. Preservação de obra de artista.
Aspecto da recuperação de um relvado.
Aspecto do restauro da armação do cedro.
liquidambar recém plantada.
lódão plantado há três semanas.
Recolocação de um dos bancos existentes antes da intervenção.
Antes. ©Thomas em 2009.10.20
Agora.
Antes. Banco e área arrelvada © A. Branco Almeida
Agora. O banco é igual aos existentes anteriormente, mas não aos originais.
Antes. Olaia junto ao lago © LaraZee
Agora.

O Jardim foi hoje finalmente - 6 meses e treze dias depois - reaberto ao público com direito a cerimónia com pompa, circunstância e discursos de satisfação e auto-elogiosos.
Também nós ficamos satisfeitos pela reabertura do jardim e nos vermos livres das intermináveis obras. Mas só por estes dois aspectos é que manifestamos a nossa satisfação. Tudo o resto, a descaracterização do jardim que está mais árido, menos denso em arvoredo, com menos áreas arrelvadas, com as duas áreas verdes a poente calcetadas, com árvores recém-plantadas já meio-mortas, com todo o atabalhoado processo cheio de ilegalidades e graves desleixos na condução da obra - que terão sérias consequências na saúde das espécies que subsistiram - como sejam a não protecção das árvores, o uso de maquinaria pesada que compactou os solos encharcados, os roços rente às árvores cortando-lhes raízes, etc.,etc., merece a nossa mais veemente reprovação.

O gabinete de imprensa do Vereador José Sá Fernandes emitiu um comunicado à imprensa onde se congratula nos seguintes termos com esta 'requalificação': 'Este jardim foi alvo de importantes obras de recuperação, nomeadamente, a substituição e recuperação de pavimentos; recuperação do coberto vegetal, incluindo a plantação de novas árvores e substituição de outras; e substituição da iluminação pública, aumentando a eficácia luminosa e tornando-a adequada a este espaço. Foi também introduzido mais mobiliário urbano e recuperado o parque infantil. A intervenção manteve o traço original do jardim, salvaguardando a importância patrimonial que tem na história das praças-jardins de Lisboa.'

As fotos acima seleccionadas documentam alguns aspectos desta meritória 'requalificação' rebaptizada agora de recuperação. Merece especial referência o piso do parque infantil que após quase 7 meses encerrado se apresenta cheio de bolores e fungos. A mangueirada dada um ou dois dias antes da inauguração não foi suficiente para eliminar esses organismos. Haveria que o raspar ou então pura e simplesmente substituir.


terça-feira, 18 de maio de 2010

Plantadas quatro liquidambares no interior do jardim.





Agora que a desastrada intervenção no jardim se aproxima do fim - consta que a inauguração do bonito trabalho será este Sábado, dia 22 de Maio - foram ontem plantadas 4 liquidambares no interior do jardim, à  volta do lago, mais precisamente.
Por um lado queremos aplaudir a escolha de uma espécie apropriada para dignificar e embelezar o interior do jardim, escolha que aliás tinha sido uma das hipóteses apontadas pela Rosa Casimiro no comentário que fez à notícia publicada no nosso blogue, ver aqui, sobre que árvores plantar no interior do jardim. Mas não podemos deixar de lamentar e chamar a atenção dos responsáveis para o facto de que as liquidambares plantadas já estão meio mortas, como qualquer conhecedor poderá verificar in situ. O mesmo se passa com a pobre tília plantada no lugar da anterior, ver notícia aqui.
Mais uma vez se verifica um completo desleixo nesta obra. Não só deixaram ficar meses a fio dezenas de lódãos desprotegidos como agora plantam árvores que deveriam estar numa unidade de cuidados intensivos, a ver se se salvavam. E a tília, essa coitada, já não haverá quem a salve.
Relembramos, por último, que foram abatidas 10 árvores no interior do jardim pelo que faltam ainda plantar pelo menos mais 6 para que se cumpra o que foi repetido em várias ocasiões pelo sr. Vereador José Sá Fernandes: que seriam não só substituídas todas as árvores abatidas, como até densificado o número de árvores a replantar. Faltam então plantar pelo menos mais 6 árvores no interior do jardim.