terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A indesejável reconstrução do palacete Rosa.


O palacete, conhecido como palacete Rosa, situado à entrada da praça do Príncipe Real, ver infografia, é um belo exemplar da arquitectura dos finais do século XIX,  único na praça pela sua situação privilegiada e isolada, tem um processo entrado na Câmara Municipal de Lisboa, para remodelação e ampliação.

localização do palacete Rosa

Não conhecemos o projecto em detalhe para nos pronunciarmos sobre a remodelação mas, pelo que se conhece de tantos outros casos de remodelações de palacetes e casas antigas com ricos interiores, tememos que neste caso aconteça o mesmo, ou seja, a sua bela escadaria em madeira, a belíssima clarabóia e os tectos ornados de motivos florais, sejam destruídos.
Para além da eventual destruição dos seus belos interiores também a ampliação do edifício nos preocupa e recusamos a todos os títulos. Por isso achamos mais apropriado falar numa reconstrução, pois é disso que se trata, e não numa mera remodelação
Esta ampliação consistirá, caso o projecto mereça aprovação, em acrescentar mais um piso, sendo que as actuais águas furtadas serão também alteadas, pelo que se poderá afirmar que o edifício ganhará dois novos pisos, ver fotos da maquete.


Ora tal ampliação em altura, a ser permitida, irá alterar, distorcer, todo o equilíbrio das cérceas que se observa na praça, e em particular no seu topo poente, ver fotos e foto montagens de como será o edifício com mais um só piso, quanto mais com quase dois pisos.

 Como é.

Como seria.

 Como é.

Como seria.

 Como é.

Como seria.

Como é.

Como seria.

Embora a praça não esteja ainda, lamentavelmente, classificada, esperemos que a CML tenha o bom senso de pedir um parecer à DGPC e que esta direcção geral reprove o proposto projecto de ampliação.
Há ainda um outro aspecto envolvido neste projecto de ampliação que deve ser tido em conta na sua apreciação. É que, para além do seu impacto negativo no equilíbrio do edificado da praça, o facto de se pretender rentabilizar o empreendimento através da oferta de mais espaços comerciais, de bares e de restauração, irá traduzir-se em mais tráfico de pessoas e viaturas numa zona já completamente saturada de tráfico automóvel e espaços comerciais desse mesmo tipo.

Por todas estas razões, pelos seus impactos negativos, apelamos ao bom senso da CML para que reprove o projecto de remodelação e ampliação do belo palacete Rosa.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

...mas não obteve resposta.

Já aqui abordamos inúmeras vezes uma das mais nefastas heranças com que o jardim foi presenteado pela desastrada intervenção de 2009/2010. Referi-mo-nos, claro está, ao piso do jardim.
O "Corvo" publicou uma notícia sobre o assunto que merece ser aqui reproduzida:



Pavimento do jardim do Príncipe Real deverá finalmente ser substituído


O pavimento defeituoso do jardim do Príncipe Real deverá começar a ser substituído, em breve, por decisão da Câmara Municipal de Lisboa, que tentará assim solucionar um problema iniciado com as obras de requalificação, ocorridas em 2010. Desde essa altura, em que a autarquia investiu mais de 450 mil euros na reabilitação de um dos mais icónicos espaços verdes da capital, a má qualidade do pavimento ali colocado tem sido alvo de muita e reiterada contestação por parte de moradores e frequentadores da zona. Uma situação que levou mesmo José Sá Fernandes, vereador da Estrutura Verde, a reconhecer erros cometidos pela câmara.


A requalificação a realizar agora pela empresa Arquijardim deverá custar à câmara 79 mil euros e tentará resolver de vez as queixas dos moradores e frequentadores daquele espaço. O imenso pó que se levanta no verão e a lama que se acumula durante os períodos chuvosos serão o resultado da opção tomada, há cinco anos, quando a reabilitação do jardim levou à substituição do piso de alcatrão existente até então por um material designado Aripaq: saibro estabilizado feito à base de pó de vidro reciclado. Dois anos mais tarde, e ante a evidência dos problemas causados pela adopção desse material, a autarquia terá tentado minorá-los através da rega do piso com uma solução química agregadora da camada superficial. A ideia era reduzir o pó.

Mas esse remendo revelou-se um fracasso, pois não só a poeira continuou a ser uma presença permanente no ar e, por isso, também em cima dos bancos de jardim, como o próprio piso começou a degradar-se de forma acentuada. Em diversos locais, o chão terá mesmo começado a apresentar rachas e a abater. Em Fevereiro de 2014, e perante a evidência, José Sá Fernandes reconhecia que as intervenções “correram mal”. “Foi tentada a rectificação, mas agora tem piorado e ainda não consegui resolver o assunto”, disse na altura o vereador, segundo recordava o jornal PÚBLICO, em Maio do ano passado, quando Sá Fernandes anunciava as obras rectificadoras para Outubro de 2014.

A intervenção, garantia na altura o autarca, seria “relativamente rápida”. Ao mesmo jornal, nesse momento, o assessor de comunicação de José Sá Fernandes dava conta que o pavimento iria ser substituído por “betuminoso colorido, um agregado com 2,5 centímetros de grossura, permeável”. Certo é que passou mais de um ano e apenas agora as obras se irão realizar no jardim que, desde Março do ano passado, está sob a responsabilidade da Junta de Freguesia da Misericórdia, na sequência da descentralização de competências da Câmara de Lisboa para as juntas.

O Corvo questionou, por escrito, há cerca de duas semanas, o gabinete do vereador José Sá Fernandes sobre qual a data do início dos trabalhos de reabilitação do jardim e sobre qual o material que iria ser colocado no novo pavimento ou a solução técnica a adoptar, mas não obteve resposta*.


 Texto de Samuel Alemão

* negrito nosso