sexta-feira, 15 de maio de 2015

Abate e Mutilação de Árvores em Lisboa.


A presente campanha de abates e podas/mutilações radicais a que se assiste em várias zonas da cidade não pode deixar de nos suscitar as maiores reservas quanto aos motivos invocados para essas bárbaras acções, tendo em conta a experiência porque passamos.

O Jardim do Príncipe Real foi, em 2009, uma das primeiras vítimas da epidemia arboricida que tomou conta dos responsáveis pelos espaços verdes da cidade. Graças à mobilização da chocada opinião pública e aos esforços de um grupo de activistas foi possível salvar meia dúzia das árvores que iriam ser abatidas por estarem 'podres' e colocarem em perigo vidas e bens. Passados 6 anos essas árvores que foram salvas in extremis continuam de boa saúde e não causaram, até agora, qualquer vítima ou dano material.

Apesar da tutela dos espaços verdes pela CML não nos ter deixado gratas recordações no modo como procedeu ao longo destes anos, achamos que se foi de mal a pior quando a CML entregou essa tarefa às Juntas de Freguesia (JF). As JF não só não tem experiência em matéria de preservação do património vegetal como se apresentam mais susceptíveis às pressões de cidadãos e de interesses menos recomendáveis no sentido de, sem razões bem fundamentadas, procederem ao abate e a podas radicais do arvoredo sob sua tutela a título de salvaguarda de vidas e bens.

O Património arbóreo da cidade - árvores de alinhamento, jardins e outros espaços verdes - é, sem dúvida alguma, estruturante e como tal deveria ser gerido por uma entidade única e devidamente qualificada.  Não foi essa a opção da CML ao endossar essa competência às JF,

Pensamos que, sem ferir a autonomia recém conferida às JF nesta matéria, deverá ser instituído um manual das boas práticas no que concerne à política do arvoredo de arruamentos e jardins, entregues à tutela das JF, contratualizando, no mais breve espaço de tempo possível, a implementação desse manual entre a CML e as JF.

Desse modo, sendo também esse manual público e devidamente divulgado e publicitado, terão as JF um importante instrumento técnico ao seu dispor e os cidadãos poderão, baseados nesse manual de boas práticas, avaliar e julgar dos correctos procedimentos seguidos pelas JF, exigindo o seu cumprimento sempre que o mesmo seja violado.




2 comentários:

  1. Uma verdadeira vergonha, que infelizmente se alarga a outras localidades para além de Lisboa.

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  2. As minhas desculpas pelo atraso na publicação do seu comentário.

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