segunda-feira, 5 de abril de 2010

Uma triste farsa primaveril ...

Gil Vicente escreveria uma excelente Farsa em três actos sobre o que se passa no Jardim França Borges. Com o seu génio conseguiria certamente dar laivos de comédia ao não corta, corta, ao não planta, planta e logo desplanta, aos arrelvados que viram arbustos, enfim, à completa incompatibilidade entre o que é dito - e está no projecto - e o que é feito. Mas, infelizmente, o tratamento que tem sido dado às árvores ainda por plantar - mas já no jardim a aguardar a sua vez - nada tem de engraçado.

Já alertámos várias vezes para o abandono a que foram votados alguns lódãos-bastardos Celtis australis levados para o jardim há mais de um mês para substituir árvores cortadas nesta obra. Para que conseguissem resistir o melhor possível a este longo compasso de espera e singrar com vitalidade uma vez levadas para o seu local final, estes lódãos já deveriam ter sido envasados há muito, ou plantados provisoriamente, certamente logo após se ter percebido que não seriam plantados no local definitivo de imediato (1-2 dias). Já lá vai mais de um mês. 
 A Avenida das Tristes.

No final-de-semana de Páscoa, com a Primavera instalada, o tempo mais seco e quente, as árvores continuavam abandonadas, umas ainda tombadas, outras em fila, uma avenida de tristes. E a farsa torna-se em tragédia quando estas pobres árvores começam a dar folha. Sem raízes instaladas no solo, não conseguirão alimentar de água e sais as folhas que começam a despontar. Daqui para a frente será um declínio rápido aquele que espera os lódãos por plantar que começarem a tentar cobrir-se de novas folhas. Estas morrerão rapidamente. Um desperdício de vitalidade, um desperdício de dinheiro.
Dois lódãos Celtis australis tombados contra sapatas de betão, por cima de tubos, iniciam a emissão de nova folhagem do ano. Uma promessa de vida que será cortada rapidamente pela negligência a que estão sujeitas.

É este o símbolo de uma intervenção que clama ser pela saúde das árvores? Fiquei muito triste no Sábado quando vi estas árvores assim. Custa ver uma árvore jovem, cheia de potencial de vida, maltratada e empurrada para a morte quase certa. Bolas, é assim tão difícil fazer as coisas bem feitas?

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