quarta-feira, 30 de junho de 2010

«Plano do Parque Mayer preocupa Amigos do Jardim Botânico»

«Abate de árvores, demolição de estufas e destruição de troços da cerca pombalina são alguns dos problemas apontados pela Liga dos Amigos do Jardim Botânico ao plano de pormenor do Parque Mayer.

Apesar de reconhecer a urgente necessidade de intervir neste espaço, o movimento cívico considera o plano "muito nefasto" e critica a prevista "demolição de infra-estruturas vitais a um jardim botânico". "A estufa de exibição daria lugar a uma galeria comercial", exemplifica, condenando o desaparecimento de herbários, laboratórios e oficinas de carpintaria.

A construção de um novo edifício de entrada no jardim, no alinhamento do final da Rua Castilho, ocupando e impermeabilizando "a totalidade da actual área dos viveiros", é também repudiada por esta associação. Tal como a proposta do plano de passar as estufas para cima deste edifício. Quanto à ideia de criar um percurso para peões ligando a Rua da Escola Politécnica à Rua do Salitre e ao Parque Mayer, "implicaria a destruição de largos sectores da cerca pombalina e retiraria áreas de colecção viva". O trecho inicial deste percurso "subtrairia um corredor de jardim, com espécies internacionalmente protegidas, apenas para dar acesso a uma galeria comercial".

Alvo dos reparos da Liga dos Amigos do Jardim é ainda o estacionamento subterrâneo previsto para o subsolo do jardim, em toda a área da entrada sul: "Esta intervenção pesada, com abertura de caves, implicaria o abate de várias árvores da colecção viva. Compromete, também, a viabilidade de espécimes devido à limitação de desenvolvimento de raízes".

Por fim, a associação alerta para o perigo de aumentar a altura dos prédios que cercam o jardim, o que criaria "um efeito de muro em quase todo o seu perímetro". Resultado: "A circulação de ar ficaria impossibilitada e a temperatura do interior do jardim aumentaria significativamente." Muitas espécies não resistiriam a um recinto não só mais quente como mais seco. "A verificarem-se estas alterações, o actual contributo do Jardim Botânico na amenização do clima de Lisboa, assim como a sua contribuição para o sequestro de carbono e partículas poluentes ficariam gravemente comprometidos", avisa a liga.

Segundo informações do gabinete do vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, as objecções dos Amigos do Jardim Botânico foram reencaminhadas para os arquitectos que têm o projecto em mãos, do atelier Aires Mateus. Ontem este arquitecto não conhecia ainda o teor destas críticas.»

In Público (29/6/2010) por Patrícia de Oliveira

Ver blog dos Amigos do Jardim Botânico. Neste blog estão também registadas preocupações da mesma ordem anteriormente enviadas à CML e ao atelier Aires Mateus que, no entanto, diz desconhê-las. Mas diz que não as recebeu? É muito fácil não ler o que não se quer para depois poder invocar ignorância...

2 comentários:

  1. Qualquer plano para o jardim Botânico deveria passar por um parecer obrigatório e vinculativo da entidade que superintende o jardim e da Associação dos Amigos do Jardim, sem prejuízo de a CML ter obrigação de promover um grande debate público sobre esse projecto de plano.
    As objecções dos Amigos do botânico são mais do que pertinentes e se não forem contempladas o jardim sairá deste processo gravemente prejudicado.

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  2. O problema, Jorge, é que a Universidade de Lisboa está conivente com isto tudo. Isso dificulta as possibilidades de controlo do que ali se passa.

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