quarta-feira, 10 de março de 2010

Asneira atrás de asneira



Foto nº 1



Foto nº 2



Foto nº 3 de Ernst Schade


No Jardim do Príncipe Real as asneiras sucedem-se umas às outras sem parar. Assistimos no passado dia 1 de Março à descarga dos lódãos-bastardos (Celtis australis) que irão ser plantados no lugar das abatidas árvores de alinhamento. Estes, como se pode observar nas fotos nº 1 e 2, foram transportados uns em cima dos outros e retirados para o chão com a ajuda de uma máquina. Aí estão, no chão, tombados e empilhados, há nove dias, ver foto nº3.

Destas árvores quantas irão vingar? Cremos que muitas delas não resistirão a este transplante. O torrão, i.e. a massa e volume de terra que trazem envolvendo as raízes, é muito pequeno, o que indica um sistema radicular muito diminuído. Se o transporte e manuseamento na descarga não foi o mais indicado, estarem há já nove dias deitadas umas sobre as outras também não as ajuda em nada, antes pelo contrário. A árvore jovem, como ser vivo que é, está já a tentar adaptar-se o melhor possível a essa estranha, para a sua natureza, posição, gastando preciosas energias em vão. E as raízes, em contacto próximo com o ar, estão expostas há tempo excessivo a variações rápidas de temperatura e humidade.

Os responsáveis pela intervenção no jardim querem atenuar a enorme asneira que fizeram ao abater todas as árvores de alinhamento, colocando agora estes lódãos-bastardos já crescidinhos, com uns três metros de altura. Mas estão a esquecer-se de um facto muito importante. É que estas árvores, as que vingarem, vão gastar meia dúzia de anos a tentarem adaptar-se ao novo ambiente, e durante esse período não vão crescer em altura, visto terem um sistema de raízes excessivamente pequeno para o seu tamanho. Este atraso será ainda mais agravado pelo abandono que aqui relatamos.

Desta forma, pouco adianta plantar árvores com já alguns anos de desenvolvimento em vez de acabadas de despontar, visto o resultado final ser o mesmo: só daqui a uns 15 a 20 anos é que elas atingirão um porte comparável às que foram abatidas. As que sobreviverem.

3 comentários:

  1. Permitam-me um desabafo. Estou fartinha de Lódãos-bastardos, quem é que terá sido a triste alminha que decretou que o Lódão-bastardo era a árvore para a Lisboa, já não há paciência para tanto Lódão. Neste caso do Príncipe Real, acho a escolha verdadeiramente desastrosa substituir os choupos por Lódãos vai ensombrar definitivamente as árvores do jardim que precisam de sol, estou a lembrar-me das Lagunarias que à sombra nunca mais dariam flor.
    Enfim, já tenho muito poucas expectativas quanto a esta obra. Mas a coisa consegue sempre piorar um bocadinho mais.

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  2. Rosa,

    Nós também achamos que há falta de imaginação na CML. Será que não há mais árvore nenhuma que sirva a um jardim como o Príncipe Real além dos lódãos? Serão os lódãos os mais adequados ao ambiente de um jardim romântico?

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  3. carissimo jorge, o meu nome é luis carvalho e conhecemo-nos tanto na palestra do ano passado como nos temos visto por aì no nosso bairro. Queria entrar em contacto pessoal consigo, para isso, gostaria que quando passa-se pelo Kiosque perguntasse ao dono, que o conhece, o contacto que lhe deixei. O meu obrigado.

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